Tem dias que a gente acorda, coloca os pés pra fora do condomínio, respira fundo e pensa “hoje eu vou ser feliz”. De repente, a gente ouve passarinhos que nunca tinha ouvido, percebe que a flor desabrochou e vê um gato serelepe correndo atrás do rabo.
Aí a gente encontra o guarda de trânsito que está em pé, no sol, há horas. A gente se pergunta como é que um corpo franzino daqueles consegue seguir essa rotina e ele te olha e sorri. Você sorri de volta e pensa que a alegria é um combustível muito mais poderoso do que qualquer combinação entre bomba e musculação.
Ao chegar ao trabalho, parabeniza o colega que passou no TCC e aquele que conseguiu arrancar um elogio do cliente mais difícil. E tem coisa mais bonita do que ser feliz pela felicidade de quem a gente gosta?
Quando olha de novo no relógio é 18h e 18h é sempre hora de alegria – não pelo desejo de sair correndo, mas pela sensação de mais um dia de resultados. E aí você para no trânsito infernal e pensa “estava indo tudo bem”. É nesse momento que no rádio começa a tocar a sua música favorita e que aquele último e teimoso raio de sol aparece no horizonte. E aí você vê que o trânsito é a sua única oportunidade de ficar sozinho com os seus pensamentos o dia todo. Solidão feliz é uma alegria leve e bonita.
E aí você chega em casa e respira fundo de novo, porque assim como é alegre encarar o mundo lá fora é de uma felicidade sem limites perceber que existe um lugar em que ser você não cabe no corpo e se expande para as paredes, os detalhes, os desenhos, os filmes e as canecas de gatinhos.
Encontra uma pessoa que te ama exatamente do jeito que você é – e apesar de tudo o que você é – e percebe que essa pessoa pode não estar ali amanhã ou depois. E aí você sente a maior alegria do mundo por ter um minuto para ganhar colo e fazer uma piada infame.
Quando o dia termina e chega o momento de ir pra cama, você percebe que os lençóis estão com cheiro do sabão em pó e sorri, mesmo sozinho. Afinal de contas, você foi feliz. E não aconteceu nada de mais. Porque a felicidade depende mesmo do jeito que a gente vê a vida.
Texto de Marina Melz. Obrigada Tati por postar este link, amei!
Um beijo
De nada Jacque!!! :) bjos
ResponderExcluirQue lindo texto!!
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